segunda-feira, 8 de outubro de 2012

MUDANÇA DE CENA / PLATAFORMA DE TRABALHO




1. APRESENTAÇÃO: NOVA CENA

Para que a Escola de Teatro da UFBA volte a desempenhar o papel que lhe compete no cenário artístico local, nacional e internacional, assim como afirmar seu destino como polo de formação, produção e circulação do conhecimento nas artes cênicas, este Plano de Trabalho propõe a instituição de uma NOVA CENA, um modo novo de lidar com os desafios do tempo presente. Para isso, é necessário propor diretrizes gerais, baseadas na análise de um contexto específico, e estabelecer urgentemente objetivos e linhas de ação que possam guiar nossa atuação na administração interna da unidade, em diálogo com a administração central da UFBA, demais unidades universitárias, centros culturais e a sociedade em geral.

Nessa direção, trabalhamos com valores e sentidos de uma missão institucional, buscando identificar oportunidades, mas também desafios que se apresentam para uma escola de arte no contexto acadêmico. Não se trata, aqui, de apresentar apenas intenções ou formulações de caráter geral, mas sim de propor objetivamente eixos de uma estratégia institucional necessária para atingir resultados e chegar a medidas concretas que trarão melhoria das condições de estudo e trabalho para toda a nossa comunidade.

O presente Plano de Trabalho reflete o pensamento de um grupo de professores dedicados a pensar a Escola de Teatro projetando seu papel como um centro de excelência do ensino de teatro frente aos desafios de um novo tempo.


2. DIRETRIZES DO PLANO DE TRABALHO

2.1. Gestão Participativa
Uma gestão baseada no diálogo entre as instâncias acadêmicas – direção, departamentos, colegiados, diretório estudantil – e entre as categorias atuantes – alunos, professores, funcionários – instaurando, como praxe administrativa, a tomada de decisões em conjunto, a partir das contribuições de todos os agentes responsáveis pela vida da unidade.

2.1.1. Contexto
Parece evidente que o único caminho digno de um convívio democrático é a via participativa. Porém, por mais óbvia que seja essa constatação, faz-se necessário e urgente reafirmar tal princípio. Desejamos retomar o hábito salutar e democrático da tomada de decisões amparadas em discussões e consulta ampla aos corpos que constituem esta unidade.

2.1.2. Objetivos estratégicos
Promover, de modo organizado e sistemático, o diálogo entre os corpos docente, discente e técnico-administrativo e entre os setores da unidade, no sentido de acompanhar e avaliar a implementação do presente Plano de Trabalho.

2.1.3. Linhas de ação
  1. Estabelecimento de um calendário anual de reuniões, com alunos, professores e funcionários, para pactuar o engajamento e a mobilização e acompanhar a execução deste Plano.
  2. Realização de seminários abordando temas e questões norteadores para a discussão dos eixos temáticos concernentes à ações propostas de desenvolvimento deste Plano.

2.2. Transparência
Transparência de gestão e divulgação de decisões administrativas; discussão e aprovação de plano orçamentário anual; circulação de informações entre os setores da unidade.

2.2.1. Contexto
Uma gestão participativa implica antes de tudo total transparência das informações, exposição clara e honesta dos recursos existentes e das decisões quanto a sua aplicação. Propomos uma gestão na qual a aplicação dos recursos orçamentários da unidade seja discutida e aprovada, a cada ano, com a participação de todos os docentes, técnico-administrativos e representação estudantil. O relatório gestor anual, contendo o balanço financeiro, será fruto desta discussão. É também necessária a constituição de uma comissão para acompanhar as providências administrativas relativas às obras e compartilhar essas informações com toda a comunidade.

2.2.2. Objetivos estratégicos
Permitir que toda a comunidade tenha acesso aos dados referentes a planejamento orçamentário, captação e aplicação de recursos, atividades desenvolvidas, convênios celebrados, número de bolsas disponíveis e demais informes de interesse da comunidade.

2.2.3. Linhas de ação
  1. Discussão e aprovação de um plano orçamentário anual.
  2. Apresentação do balanço financeiro anual a toda comunidade, através de relatório da aplicação dos recursos existentes, publicado também na página (site) da Escola de Teatro.
  3. Circulação das informações entre os setores da unidade e as três categorias, através da promoção de um boletim eletrônico.
  4. Implementação efetiva, real, da página da Escola de Teatro, contendo informações básicas de interesse de alunos, professores e funcionários, como também informações de divulgação dos projetos artísticos educacionais.

2.3. Inserção social e cultural
Inserção da Escola de Teatro no movimento sociocultural da cidade de Salvador, ativando sua histórica parceria com artistas e grupos; composição de laços e contatos da unidade com centros de formação e pesquisa e casas de espetáculo, em âmbito estadual, nacional e internacional; integração efetiva da escola na própria comunidade acadêmica, com participação docente e discente em programas de intercâmbio com outras instituições de ensino.

2.3.1. Contexto
A Escola de Teatro precisa retomar o relevante papel outrora desempenhado pela instituição no quadro da cultura baiana. Projetos de extensão voltados à comunidade, e que, há cerca de uma década, foram realizados sob a forma de cursos para crianças, adolescentes, terceira idade, oficinas de iniciação para atores e tantos mais serão reativados. Essas atividades foram responsáveis por abrir o espaço da Escola para a sociedade, contribuíram efetivamente para a formação de público, para ampliar o ingresso de alunos na graduação e para fortalecer as pesquisas de caráter extensionista tanto na graduação quanto na pós-graduação. Atualmente, a participação da Escola no movimento cultural da região e do país é mantida pelo desempenho individual de professores que, ao se destacarem em sua performance artística, através de temporadas bem-sucedidas e premiações, são constantemente convidados a participar de consultorias de editais locais e nacionais, de curadorias de festivais e da direção artística de eventos. Mas a Escola, como instituição, vem perdendo sua capacidade de estabelecer parcerias com artistas e grupos teatrais da comunidade e de realizar contatos efetivos com outros centros e casas de espetáculo, isolando-se progressivamente do que constitui o cerne das artes cênicas, que são artes do convívio, do contato ao vivo, das trocas presenciais.

2.3.2. Objetivos estratégicos
Reativar cursos e núcleos de extensão, eventuais e permanentes.
Fortalecer os já existentes: Curso Livre de Teatro, Ato de Quatro, Offcena, Núcleo de Plástica e Cena e Ciclo de Leituras Dramáticas.
Estabelecer parcerias com artistas e grupos atuantes no cenário local e nacional.
Difundir o conhecimento teatral produzido na Escola de Teatro.
Ampliar o número de bolsas para os alunos para atendimento das demandas do Teatro Martim Gonçalves.
Criar horários para marcação de pautas compatíveis com os turnos dos três cursos da graduação e da pós-graduação, priorizando as atividades acadêmicas e de extensão.


2.3.3. Linhas de ação
  1. Elaboração de calendário de atividades integrando as produções da Escola – pesquisas, espetáculos, experimentos cênicos, oficinas e etc. – aos saberes e fazeres de outros centros culturais.
  2. Viabilização e manutenção deste calendário.

2.4. Políticas de ação afirmativa
Implementação de projetos e programas que assegurem condições de permanência e inserção do estudante na vida universitária. Suporte institucional à política de inclusão social através de ações concretas, tais como a proposição do estágio remunerado para estudantes das três áreas (interpretação, direção e licenciatura). Apoio continuado às iniciativas culturais e pedagógicas dos alunos, a exemplo do Ato de 4 e de outras formas de experimentos cênicos, cursos, oficinas, seminários e atividades de intercâmbio.

2.4.1. Contexto
Torna-se urgente ampliar a participação da comunidade da Escola (professores, funcionários e alunos desde a graduação) na política de intercâmbio nacional e internacional de incentivo à mobilidade para outros centros de ensino, através de bolsas, estágios, residências artísticas e convênios.  Urge também inserir a ETUFBA no cenário da internacionalização universitária, permitindo amplo acesso dos alunos aos programas já existentes, como o Ciência sem Fronteiras e similares. Além disso, desenvolvendo parcerias com centros artísticos e espaços de produção cultural, será possível assegurar estágios remunerados para nossos alunos, incentivando a profissionalização e o conhecimento efetivo do mundo do trabalho.

2.4.2. Objetivos estratégicos
Fortalecimento da prática de intercâmbio acadêmico para alunos de graduação e da promoção de oportunidades para o estágio curricular remunerado de alunos de direção, interpretação e licenciatura.
Criar condições de permanência do estudante na universidade.
Estabelecer parceria com casas de espetáculo (TCA, Sala do Coro, Teatro Vila Velha, Teatro Gamboa, Teatro Módulo, Teatro Cidade do Saber, Espaço Xisto Bahia, Teatro do SESC e outros), centros culturais dos territórios regionais, núcleos de produção e similares, viabilizando estágios artísticos e técnicos.
Implantação de um núcleo artístico pedagógico para realizar ações e projetos que envolvam a prática do ensino teatral, formação de plateia, educação estética e a articulação ensino-teatro-comunidade, estabelecendo parcerias com as Secretarias de Educação Municipal e Estadual.

2.4.3. Linhas de ação
1.     Mapeamento da oferta de bolsas acadêmicas disponíveis para alunos de graduação da Escola de Teatro e incentivo à ocupação dessas bolsas.
2.     Ações dirigidas para a celebração de convênios que proponham a oferta de vagas de estágio curricular remunerado para alunos de graduação da Escola de Teatro.
3.     Trabalho contínuo, junto à administração central da UFBA, para a ampliação do número de bolsas de ações afirmativas alocadas na Escola de Teatro.
4.     Implantação do Projeto “Cuida Bem de Mim” no âmbito da universidade em parceria com a Faculdade de Educação, abrindo oportunidades de atuação para monitores pedagógicos, atores, assistentes de direção e oficineiros.

2.5. Políticas de Qualificação do Quadro Funcional
Incentivo às políticas de qualificação dos funcionários da Escola, propiciando educação continuada, especialização, formação, capacitação e melhores condições internas de trabalho.

2.5.1. Contexto
Atualmente, em toda a UFBA, existe uma defasagem entre as expectativas dos dirigentes quanto ao desempenho dos quadros funcionais e as oportunidades realmente oferecidas pela instituição para a melhoria da atuação desses servidores. Qualquer dirigente que deseje trazer reais melhorias ao desempenho técnico-administrativo deve começar por oferecer não apenas condições de trabalho dignas (em termos de espaço e equipamentos), mas sobretudo chances de treinamento e aperfeiçoamento, promovendo assim a crescente qualificação do corpo funcional.

2.5.2. Objetivos estratégicos
Promover oportunidades de formação, capacitação e especialização do quadro funcional da ETUFBA.
Oferecer condições de trabalho adequadas à otimização do desempenho técnico-administrativo.

2.5.3. Linhas de ação
  1. Identificação dos interesses manifestados dos funcionários em relação ao investimento no seu aperfeiçoamento profissional quanto às áreas e cursos pretendidos.
  2. Criação de uma comissão de pesquisa sobre os meios de fomentos, convênios e estabelecimento de parcerias para a viabilização das ações pretendidas por este setor.
  3. Promoção de seminários e cursos técnicos voltados à qualificação funcional.

2.6. AMPLIAÇÃO da Infraestrutura Física, Acadêmica E DE PRODUÇÃO ARTÍSTICA
Investimento imediato e continuado na conclusão das obras que se encontram paralisadas. Reequipamento dos laboratórios de prática cênica e de informática, das salas de aula e dos espaços de suporte técnico-administrativo, tais como departamentos e colegiados (de graduação e pós-graduação), biblioteca, almoxarifado, carpintaria e rouparia.

2.6.1. Contexto
No momento atual, a maioria das providências de ampliar e redefinir espaços e equipamentos que compõe a infraestrutura física, acadêmica e de produção artística da unidade está condicionada à finalização das obras do prédio novo. Portanto, só a partir da incorporação desses novos espaços será possível a reconfiguração das atividades e funções, melhorando o trabalho e a convivência entre alunos professores e funcionários. Esta diretriz será ponto prioritário no Plano de Cem Dias. Porém, entendemos que a Escola não pode parar porque a obra está parada. Desta forma é necessário reunir esforços e contemplar ações que assegurem as condições de funcionamento da Escola.

2.6.2. Objetivos estratégicos
Criar alternativas de funcionamento da unidade tendo em vista o tempo necessário para conclusão da obra.
Identificar espaços disponíveis fora do âmbito da Escola de Teatro para atender as necessidades emergenciais e as atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Ampliar o número e a qualidade dos equipamentos tecnológicos para a sala de informática.
Instalar uma rede wi-fi na Escola de Teatro.
Ampliar o horário de funcionamento da biblioteca.
Atualizar a bibliografia de referência dos cursos de graduação e pós-graduação com aquisição de novos livros com ênfase no Teatro da Bahia e do Brasil e Arte Educação.
Implantar o sistema de banco de textos on-line.

2.6.3. Linhas de ação
  1. Criação de grupos de trabalho para discussão e encaminhamento de soluções para problemas específicos de cada setor dos laboratórios que dão suporte às atividades artísticas e pedagógicas.
  2. Encaminhamento, às instâncias competentes, de propostas de soluções para as questões levantadas pelos grupos de trabalho.

2.7. Políticas de manutenção e ocupação DOS EQUIPAMENTOS CULTURAIS E PEDAGÓGICOS
Redefinição da forma de manutenção, segurança e ocupação dos equipamentos culturais e pedagógicos da Escola de Teatro.

2.7.1. Contexto
Em consonância com a primeira das diretrizes desse plano, Gestão Participativa, é imprescindível redefinir a forma de manutenção e ocupação dos equipamentos culturais e pedagógicos da Escola de Teatro. Por exemplo, a cessão de pautas do Teatro Martim Gonçalves não pode ser feita diretamente pela Direção da Escola. O TMG é o mais importante equipamento de ensino e pesquisa para a comunidade acadêmica da graduação e pós-graduação e não pode ficar à mercê de uma administração voluntarista, contrária à prática consolidada em nossa Escola. Os Departamentos e Colegiados devem decidir em conjunto sobre a ocupação do TMG, obedecendo à prioridade das atividades de graduação, para os três cursos, das pesquisas cênicas da pós-graduação, seguidas das montagens oriundas de projetos de extensão de alunos e professores.

2.7.2. Objetivos estratégicos
Implementar uma política de ocupação do TMG que atenda prioritariamente às necessidades acadêmicas da graduação e da pós-graduação.
Implementar ações junto à administração central  para a contratação  de funcionários com capacitação específica para atuarem nas funções técnico-artísticas para a administração e manutenção do Teatro Martim Gonçalves.
Contratar número de vigilantes adequado às necessidades de segurança da Escola de Teatro.

2.7.3. Linhas de ação
1.     Estabelecimento de normas de utilização dos laboratórios cênicos (Sala 5 e Teatro Martim Gonçalves), a partir de discussão com as três categorias.
2.     Elaboração de calendário para Montagens Didáticas (dos três cursos) e sessões de defesas (TCCs, Dissertações e Teses).
3.     Estabelecimento de uma rotina de avaliação e manutenção dos equipamentos laboratoriais da Unidade.


3. PLANO DE CEM DIAS

Considerando as diretrizes anteriormente expostas neste Plano de Gestão, o Plano dos Cem Dias configura-se como estratégia necessária e fundamental para o maior êxito da proposta aqui apresentada.

O processo de construção do Plano de Gestão Quadrienal democrático na Escola deve ser fortalecido por meio de medidas e ações que garantam a participação dos corpos discente, docente e técnico-administrativo tanto no planejamento quanto na tomada de decisões que envolvem os projetos artístico-educacionais, bem como o uso dos bens comuns (orçamentários e laboratoriais).

Durante a execução do Plano de Cem Dias, as seguintes ações serão priorizadas:

  1. Realização de reuniões com as três categorias da ETUFBA para discussão do Plano de Trabalho aqui apresentado.
  2. Levantamento de informações precisas a respeito da real situação das obras contratadas pela UFBA para a Escola de Teatro, para estimativa dos recursos necessários à sua finalização.
3.     Socialização dessas informações com toda a comunidade, como primeiro ato de uma gestão participativa.
4.     Gestões junto à administração central da UFBA para retomada imediata das obras paralisadas.
5.     Combate imediato às infiltrações que ameaçam o Teatro Martim Gonçalves.
6.     Providências para conquistar locais alternativos para realização das atividades artísticas e pedagógicas da unidade.
7.     Agilização do processo de tramitação do novo currículo dos cursos de graduação.

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