segunda-feira, 8 de outubro de 2012

MARCOS BARBOSA FALA DE HEBE ALVES


Marcos Barbosa

O único caminho possível para uma escola de arte constrói-se através da arte. Sempre que pesa sobre nossas cabeças a ameaça dos que só reconhecem como conhecimento superior as ciências, as tecnologias e as humanidades, é preciso responder justamente com arte. Aceitar a arte, permanecer na arte. Sem isso não somos ninguém, não nos resta nada. Quando a Escola de Teatro se prepara para escolher nova direção, fico tranquilo ao perceber que uma das candidatas é artista. Artista, sim, construtora de sonhos e de afetos. Alvenaria e placas comemorativas só servem para levantar e ornar paredes. Emparedada, nenhuma escola de arte sobrevive. Emparedada, uma escola de arte apodrece, se esquece do horizonte para além de seus portões (e dos quintais dos canalhas). Apoio Hebe Alves porque sei de seu caráter. Apoio Hebe Alves porque ela já me encantou, mais de uma vez, como artista. Apoio Hebe Alves porque sei que quando, em uma escola de arte, falta a arte, o sonho e o afeto, tudo o que sobra é poeira, barulho e discurso vazio. E já nos emparedamos por tempo demais.


Professor de Dramaturgia e Teoria do Teatro da Escola de Teatro da UFBA, residente em 2002 do Royal Court Theatre, de Londres, como bolsista do British Council. Recebeu o Prêmio Carlos Carvalho (Porto Alegre, 2005), por “Avental Todo Sujo de Ovo”; o Prêmio Braskem de Teatro (Salvador, 2004), por “Auto de Angicos” e o Prêmio Paulo Pontes (João Pessoa, 2001), por “Minha Irmã”.

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