1. APRESENTAÇÃO: NOVA
CENA
Para que a Escola de Teatro da UFBA volte a desempenhar
o papel que lhe compete no cenário artístico local, nacional e internacional,
assim como afirmar seu destino como polo de formação, produção e circulação do
conhecimento nas artes cênicas, este Plano de Trabalho propõe a instituição de
uma NOVA CENA, um modo novo de lidar com os desafios do tempo presente. Para
isso, é necessário propor diretrizes gerais,
baseadas na análise de um contexto
específico, e estabelecer urgentemente objetivos
e linhas de ação que possam guiar
nossa atuação na administração interna da unidade, em diálogo com a administração
central da UFBA, demais unidades universitárias, centros culturais e a
sociedade em geral.
Nessa direção, trabalhamos com valores e sentidos
de uma missão institucional, buscando identificar oportunidades, mas também
desafios que se apresentam para uma escola de arte no contexto acadêmico. Não
se trata, aqui, de apresentar apenas intenções ou formulações de caráter geral,
mas sim de propor objetivamente eixos de
uma estratégia institucional necessária para atingir resultados e chegar a medidas
concretas que trarão melhoria das condições de estudo e trabalho para toda a
nossa comunidade.
O presente Plano de Trabalho reflete o pensamento
de um grupo de professores dedicados a pensar a Escola de Teatro projetando seu
papel como um centro de excelência do ensino de teatro frente aos desafios de
um novo tempo.
2. DIRETRIZES DO PLANO DE
TRABALHO
2.1. Gestão
Participativa
Uma
gestão baseada no diálogo entre as instâncias acadêmicas – direção,
departamentos, colegiados, diretório estudantil – e entre as categorias
atuantes – alunos, professores, funcionários – instaurando, como praxe
administrativa, a tomada de decisões em conjunto, a partir das contribuições de
todos os agentes responsáveis pela vida da unidade.
2.1.1. Contexto
Parece evidente que o único caminho digno de
um convívio democrático é a via participativa. Porém, por mais óbvia que seja
essa constatação, faz-se necessário e urgente reafirmar tal princípio. Desejamos
retomar o hábito salutar e democrático da tomada de decisões amparadas em
discussões e consulta ampla aos corpos que constituem esta unidade.
2.1.2. Objetivos estratégicos
Promover, de modo organizado e sistemático, o diálogo entre os
corpos docente, discente e técnico-administrativo e entre os setores da
unidade, no sentido de acompanhar e avaliar a implementação do presente Plano
de Trabalho.
2.1.3. Linhas de ação
- Estabelecimento de um calendário anual de
reuniões, com alunos, professores e funcionários, para pactuar o engajamento e a
mobilização e
acompanhar a execução deste Plano.
- Realização de seminários abordando temas e
questões norteadores para a discussão dos eixos temáticos concernentes à
ações propostas de desenvolvimento deste Plano.
2.2. Transparência
Transparência de gestão e divulgação de
decisões administrativas; discussão e aprovação de plano orçamentário anual; circulação
de informações entre os setores da unidade.
2.2.1. Contexto
Uma gestão participativa implica antes de
tudo total transparência das informações, exposição clara e honesta dos
recursos existentes e das decisões quanto a sua aplicação. Propomos uma gestão
na qual a aplicação dos recursos orçamentários da unidade seja discutida e
aprovada, a cada ano, com a participação de todos os docentes,
técnico-administrativos e representação estudantil. O relatório gestor anual,
contendo o balanço financeiro, será fruto desta discussão. É também necessária
a constituição de uma comissão para acompanhar as providências administrativas
relativas às obras e compartilhar essas informações com toda a comunidade.
2.2.2. Objetivos estratégicos
Permitir que toda a comunidade tenha acesso aos dados referentes a
planejamento orçamentário, captação e aplicação de recursos, atividades
desenvolvidas, convênios celebrados, número de bolsas disponíveis e demais
informes de interesse da comunidade.
2.2.3. Linhas de ação
- Discussão e aprovação de um plano
orçamentário anual.
- Apresentação do balanço financeiro anual a
toda comunidade, através de relatório da aplicação dos recursos existentes,
publicado também na página (site) da Escola de Teatro.
- Circulação das informações entre os setores
da unidade e as três categorias, através da promoção de um boletim
eletrônico.
- Implementação efetiva, real, da página da
Escola de Teatro, contendo informações básicas de interesse de alunos,
professores e funcionários, como também informações de divulgação dos
projetos artísticos educacionais.
2.3. Inserção
social e cultural
Inserção
da Escola de Teatro no movimento sociocultural da cidade de Salvador, ativando
sua histórica parceria com artistas e grupos; composição de laços e contatos da
unidade com centros de formação e pesquisa e casas de espetáculo, em âmbito
estadual, nacional e internacional; integração efetiva da escola na própria
comunidade acadêmica, com participação docente e discente em programas de
intercâmbio com outras instituições de ensino.
2.3.1. Contexto
A Escola de Teatro precisa retomar o
relevante papel outrora desempenhado pela instituição no quadro da cultura
baiana. Projetos de extensão voltados à comunidade, e que, há cerca de uma
década, foram realizados sob a forma de cursos para crianças, adolescentes,
terceira idade, oficinas de iniciação para atores e tantos mais serão
reativados. Essas atividades foram responsáveis por abrir o espaço da Escola
para a sociedade, contribuíram efetivamente para a formação de público, para
ampliar o ingresso de alunos na graduação e para fortalecer as pesquisas de
caráter extensionista tanto na graduação quanto na pós-graduação. Atualmente, a
participação da Escola no movimento cultural da região e do país é mantida pelo
desempenho individual de professores que, ao se destacarem em sua performance
artística, através de temporadas bem-sucedidas e premiações, são constantemente
convidados a participar de consultorias de editais locais e nacionais, de
curadorias de festivais e da direção artística de eventos. Mas a Escola, como
instituição, vem perdendo sua capacidade de estabelecer parcerias com artistas
e grupos teatrais da comunidade e de realizar contatos efetivos com outros
centros e casas de espetáculo, isolando-se progressivamente do que constitui o
cerne das artes cênicas, que são artes do convívio, do contato ao vivo, das
trocas presenciais.
2.3.2. Objetivos estratégicos
Reativar
cursos e núcleos de extensão, eventuais e permanentes.
Fortalecer
os já existentes: Curso Livre de Teatro, Ato de Quatro, Offcena, Núcleo de
Plástica e Cena e Ciclo de Leituras Dramáticas.
Estabelecer
parcerias com artistas e grupos atuantes no cenário local e nacional.
Difundir o conhecimento teatral produzido na Escola de Teatro.
Ampliar o número de bolsas para os alunos para atendimento das
demandas do Teatro Martim Gonçalves.
Criar horários para marcação de pautas compatíveis com os turnos
dos três cursos da graduação e da pós-graduação, priorizando as atividades
acadêmicas e de extensão.
2.3.3. Linhas de ação
- Elaboração de calendário de atividades
integrando as produções da Escola – pesquisas, espetáculos, experimentos
cênicos, oficinas e etc. – aos saberes e fazeres de outros centros
culturais.
- Viabilização e manutenção deste calendário.
2.4. Políticas
de ação afirmativa
Implementação de projetos e programas que assegurem condições de
permanência e inserção do estudante na vida universitária. Suporte
institucional à política de inclusão social através de ações concretas, tais
como a proposição do estágio remunerado para estudantes das três áreas
(interpretação, direção e licenciatura). Apoio continuado às iniciativas
culturais e pedagógicas dos alunos, a exemplo do Ato de 4 e de outras formas de
experimentos cênicos, cursos, oficinas, seminários e atividades de intercâmbio.
2.4.1. Contexto
Torna-se urgente ampliar a participação da
comunidade da Escola (professores, funcionários e alunos desde a graduação) na política
de intercâmbio nacional e internacional de incentivo à mobilidade para outros
centros de ensino, através de bolsas, estágios, residências artísticas e convênios. Urge também inserir a ETUFBA no cenário da
internacionalização universitária, permitindo amplo acesso dos alunos aos
programas já existentes, como o Ciência sem Fronteiras e similares. Além disso,
desenvolvendo parcerias com centros artísticos e espaços de produção cultural,
será possível assegurar estágios remunerados para nossos alunos, incentivando a
profissionalização e o conhecimento efetivo do mundo do trabalho.
2.4.2. Objetivos estratégicos
Fortalecimento da prática de intercâmbio acadêmico para alunos de
graduação e da promoção de oportunidades para o estágio curricular remunerado
de alunos de direção, interpretação e licenciatura.
Criar condições de permanência do estudante na universidade.
Estabelecer parceria com casas de espetáculo (TCA, Sala do Coro,
Teatro Vila Velha, Teatro Gamboa, Teatro Módulo, Teatro Cidade do Saber, Espaço
Xisto Bahia, Teatro do SESC e outros), centros culturais dos territórios
regionais, núcleos de produção e similares, viabilizando estágios artísticos e
técnicos.
Implantação de um núcleo artístico pedagógico para realizar ações
e projetos que envolvam a prática do ensino teatral, formação de plateia,
educação estética e a articulação ensino-teatro-comunidade, estabelecendo
parcerias com as Secretarias de Educação Municipal e Estadual.
2.4.3. Linhas de ação
1.
Mapeamento da oferta de bolsas
acadêmicas disponíveis para alunos de graduação da Escola de Teatro e incentivo
à ocupação dessas bolsas.
2.
Ações dirigidas para a celebração de
convênios que proponham a oferta de vagas de estágio curricular remunerado para
alunos de graduação da Escola de Teatro.
3.
Trabalho contínuo, junto à
administração central da UFBA, para a ampliação do número de bolsas de ações
afirmativas alocadas na Escola de Teatro.
4.
Implantação do Projeto “Cuida Bem de
Mim” no âmbito da universidade em parceria com a Faculdade de Educação, abrindo
oportunidades de atuação para monitores pedagógicos, atores, assistentes de
direção e oficineiros.
2.5. Políticas
de Qualificação do Quadro Funcional
Incentivo às políticas de qualificação dos funcionários da Escola,
propiciando educação continuada, especialização, formação, capacitação e
melhores condições internas de trabalho.
2.5.1. Contexto
Atualmente, em toda a UFBA, existe uma defasagem entre as expectativas
dos dirigentes quanto ao desempenho dos quadros funcionais e as oportunidades
realmente oferecidas pela instituição para a melhoria da atuação desses
servidores. Qualquer dirigente que deseje trazer reais melhorias ao desempenho
técnico-administrativo deve começar por oferecer não apenas condições de
trabalho dignas (em termos de espaço e equipamentos), mas sobretudo chances de
treinamento e aperfeiçoamento, promovendo assim a crescente qualificação do
corpo funcional.
2.5.2. Objetivos estratégicos
Promover oportunidades de formação, capacitação e especialização
do quadro funcional da ETUFBA.
Oferecer condições de trabalho adequadas à otimização do
desempenho técnico-administrativo.
2.5.3. Linhas de ação
- Identificação dos interesses manifestados
dos funcionários em relação ao investimento no seu aperfeiçoamento
profissional quanto às áreas e cursos pretendidos.
- Criação de uma comissão de pesquisa sobre os
meios de fomentos, convênios e estabelecimento de parcerias para a
viabilização das ações pretendidas por este setor.
- Promoção de seminários e cursos técnicos
voltados à qualificação funcional.
2.6. AMPLIAÇÃO da Infraestrutura Física, Acadêmica E DE PRODUÇÃO
ARTÍSTICA
Investimento
imediato e continuado na conclusão das obras que se encontram paralisadas.
Reequipamento dos laboratórios de prática cênica e de informática, das salas de
aula e dos espaços de suporte técnico-administrativo, tais como departamentos e
colegiados (de graduação e pós-graduação), biblioteca, almoxarifado,
carpintaria e rouparia.
2.6.1. Contexto
No momento atual, a maioria das providências de ampliar e
redefinir espaços e equipamentos que compõe a infraestrutura física, acadêmica
e de produção artística da unidade está condicionada à finalização das obras do
prédio novo. Portanto, só a partir da incorporação desses novos espaços será
possível a reconfiguração das atividades e funções, melhorando o trabalho e a
convivência entre alunos professores e funcionários. Esta diretriz será ponto
prioritário no Plano de Cem Dias. Porém, entendemos que a Escola não pode parar
porque a obra está parada. Desta forma é necessário reunir esforços e
contemplar ações que assegurem as condições de funcionamento da Escola.
2.6.2. Objetivos estratégicos
Criar alternativas de funcionamento da unidade tendo em vista o
tempo necessário para conclusão da obra.
Identificar espaços disponíveis fora do âmbito da Escola de Teatro
para atender as necessidades emergenciais e as atividades de ensino, pesquisa e
extensão.
Ampliar o número e a qualidade dos equipamentos tecnológicos para
a sala de informática.
Instalar uma rede wi-fi na Escola de Teatro.
Ampliar o horário de funcionamento da biblioteca.
Atualizar a bibliografia de referência dos cursos de graduação e
pós-graduação com aquisição de novos livros com ênfase no Teatro da Bahia e do
Brasil e Arte Educação.
Implantar o sistema de banco de textos on-line.
2.6.3. Linhas de ação
- Criação de grupos de trabalho para discussão
e encaminhamento de soluções para problemas específicos de cada setor dos laboratórios
que dão suporte às atividades artísticas e pedagógicas.
- Encaminhamento, às instâncias competentes,
de propostas de soluções para as questões levantadas pelos grupos de
trabalho.
2.7. Políticas
de manutenção e ocupação DOS EQUIPAMENTOS CULTURAIS E PEDAGÓGICOS
Redefinição
da forma de manutenção, segurança e ocupação dos equipamentos culturais e
pedagógicos da Escola de Teatro.
2.7.1. Contexto
Em consonância com a primeira das diretrizes
desse plano, Gestão Participativa, é imprescindível redefinir a forma de
manutenção e ocupação dos equipamentos culturais e pedagógicos da Escola de
Teatro. Por exemplo, a cessão de pautas do Teatro Martim Gonçalves não pode ser
feita diretamente pela Direção da Escola. O TMG é o mais importante equipamento
de ensino e pesquisa para a comunidade acadêmica da graduação e pós-graduação e
não pode ficar à mercê de uma administração voluntarista, contrária à prática
consolidada em nossa Escola. Os Departamentos e Colegiados devem decidir em
conjunto sobre a ocupação do TMG, obedecendo à prioridade das atividades de graduação,
para os três cursos, das pesquisas cênicas da pós-graduação, seguidas das
montagens oriundas de projetos de extensão de alunos e professores.
2.7.2. Objetivos estratégicos
Implementar uma política de ocupação do TMG que atenda
prioritariamente às necessidades acadêmicas da graduação e da pós-graduação.
Implementar ações junto à administração central para a contratação de funcionários com capacitação específica
para atuarem nas funções técnico-artísticas para a administração e manutenção
do Teatro Martim Gonçalves.
Contratar número de vigilantes adequado às necessidades de
segurança da Escola de Teatro.
2.7.3. Linhas de ação
1.
Estabelecimento de normas de
utilização dos laboratórios cênicos (Sala 5 e Teatro Martim Gonçalves), a
partir de discussão com as três categorias.
2.
Elaboração de calendário para Montagens
Didáticas (dos três cursos) e sessões de defesas (TCCs, Dissertações e Teses).
3.
Estabelecimento de uma rotina de
avaliação e manutenção dos equipamentos laboratoriais da Unidade.
3. PLANO
DE CEM DIAS
Considerando as
diretrizes anteriormente expostas neste Plano de Gestão, o Plano dos Cem Dias
configura-se como estratégia necessária e fundamental para o maior êxito da
proposta aqui apresentada.
O processo de
construção do Plano de Gestão Quadrienal democrático na Escola deve ser
fortalecido por meio de medidas e ações que garantam a participação dos corpos
discente, docente e técnico-administrativo tanto no planejamento quanto na
tomada de decisões que envolvem os projetos artístico-educacionais, bem como o
uso dos bens comuns (orçamentários e laboratoriais).
Durante a execução do Plano de Cem Dias, as seguintes ações serão
priorizadas:
- Realização de reuniões com as três
categorias da ETUFBA para discussão do Plano de Trabalho aqui apresentado.
- Levantamento de informações precisas a respeito da real situação das obras
contratadas pela UFBA para a Escola de Teatro, para estimativa dos
recursos necessários à sua finalização.
3.
Socialização dessas informações com
toda a comunidade, como primeiro ato de uma gestão participativa.
4.
Gestões junto à administração central
da UFBA para retomada imediata das obras paralisadas.
5.
Combate imediato às infiltrações que
ameaçam o Teatro Martim Gonçalves.
6.
Providências para conquistar locais
alternativos para realização das atividades artísticas e pedagógicas da unidade.
7.
Agilização do processo de tramitação do
novo currículo dos cursos de graduação.
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