DENISE COUTINHO
Recebo a notícia da candidatura de Hebe para dirigir a Escola de Teatro da UFBA
com alegria e esperança. Sua dedicada e qualificada presença na nossa
universidade nos orgulha e engrandece.
Tive felizes oportunidades de trabalhar com Hebe Alves, na UFBA.
No subcomitê de artes do PIBIC, por dois anos trabalhamos juntas e sua
presença sempre me estimulou a entender os meandros da pesquisa em artes. No
ano passado, uma ex-bolsista PIBIC de Hebe ganhou o prêmio PUBLIC da área de
artes, com o espetáculo “Dorotéia”, que representou o Brasil na Bielorrússia,
onde ganhou o Prêmio Especial de Inovação e Criatividade. Posso dizer com
segurança que este resultado de pesquisa de Iniciação Científica é único na
UFBA, pois reúne, num só projeto, ensino, pesquisa e extensão e, justamente por
seu valor, foi reconhecido nacional e internacionalmente.
Tive também a grande oportunidade de trabalhar como docente colaboradora
nos cursos de graduação em Direção e em Interpretação Teatral, sob a
coordenação de Hebe, durante três semestres. Nesse período, constatei sua
incrível performance como diretora e atriz, tanto em sala de aula quanto na
preparação das montagens didáticas dos nossos estudantes.
Na extensão, trabalhamos juntas numa atividade interdisciplinar, o
Cine-Papo, na qual reunimos estudantes de Interpretação e Direção Teatral com
estudantes de Psicologia, para ver e comentar filmes. Nossas inúmeras
atividades nos obrigaram a interromper o projeto, mas os estudantes que
estiveram conosco continuam nos cobrando outras edições do Cine-Papo.
Por fim, no Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas, vejo o
entusiasmo, a dedicação e a ousadia de Hebe impregnando trabalhos acadêmicos de
seus mestrandos, doutorandos e alunos. No nosso PPGAC, já temos inclusive
estudos que investigam a presença de Hebe nas artes cênicas brasileiras.
Em carta por ocasião de um aniversário de Thomas Mann, Freud escreveu ao
amigo artista palavras que eu desejaria ter escrito para Hebe: “não acho digno
de imitação o fato de nessas ocasiões festivas a afeição sobrepujar o respeito,
de o homenageado ser constrangido a ouvir enquanto o cobrem de louvores como
homem e o criticam e analisam como artista. Não incorrerei nessa presunção. Mas
posso me permitir outra coisa: em nome de incontáveis contemporâneos seus,
posso manifestar nossa confiança em que você nunca fará ou dirá – as palavras
de um escritor são ações, afinal – o que seja mesquinho ou covarde, que mesmo
em tempos e situações que tornem confuso o juízo você tomará o caminho certo e
o mostrará aos outros”.
*Professora Adjunta do Instituto de Psicologia da UFBA. Docente
Permanente do PPGAC e colaboradora no Programa de Pós-Graduação em Psicologia
da UFBA. Doutora em Letras pela Universidade Federal da Bahia, com
Doutorado-Sanduíche em Princeton University. Avaliadora institucional e de
cursos de graduação do MEC. Líder do subcomitê de Artes PIBIC-UFBA, de 2008 a
2012.
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